A vida começa agora
A Escola é o centro de tudo. Ali começam as nossas vidas, ali começa quem nós seremos, ou não seremos, e ali também começa a rejeição.
Na turma de meu filho, com 28 alunos, tema que já discuti por aqui, existem por lá 5 alunos que não deixam que as aulas avancem. Desde expulsões da aula, coisa mais que habitual nos tempos que correm. Até alunos que se pegam na aula à murraça. Ainda bem que pelo menos a murraça é entre eles. Acontece de um tudo! Falo de alunos de 12-13 anos.
No conselho de turma esses alunos estão "marcados" como problemáticos e aí começa a sua integração no Liceu.
Os restantes pais (os que se importam com os resultados dos seus filhos) começam a ficar preocupados com o facto dos seus educandos estarem a ser prejudicados tão somente porque existem miúdos que acham que ser-se fixe é ser-se mal comportado e ir para a rua. Ou, Ser-se fixe é estar constantemente a interromper o normal decorrer da aula com baboseiras e graçolas.
O que fazer perante esta situação? Situação esta que, no fundo, foi criada pelo próprio conselho executivo! E que também já falei por aqui.
Alguns sugerem que na reunião de pais, convocada para a próxima semana, para tentarmos intervir, se deva redigir um documento a pedir que estes alunos sejam separados e colocados cada um em sua turma por forma a demonstra-lhes que não podem fazer o que querem e que daí advém sanções. Além disso, ajudaria no número execessivo de alunos e sem equidade com as restantes turmas. Coisa que eu tenho a certeza que o conselho executivo vai assobiar para o lado.
Mas tudo isto me coloca a pensar. Sou mãe, estou preocupada com a aprendizagem do meu filho, que obviamente nestas condições não está a decorrer de forma conveniente. Mas não posso deixar de pensar naquelas crianças! O que se passa por detrás deste seu comportamento. Será só má-criação?
Eu conheço dois desses miúdos. Um é uma criança super educada e prestável sempre que vem cá em casa. O outro também não lhe fica atrás. Então que se passa?
Um foi adoptado com 12 anos, está há um ano e meio com a nova mãe, e não teve uma vida fácil. A sua maneira de ver as coisas e a sua forma de se integrar é esta. Achar-se fixe da pior maneira. Outro é filho de uma mãe jovem, e que foi mãe mais jovem ainda ficando só com essa responsabilidade. E cada um à sua maneira tem de facto algo no seio familiar que indique alguma disfuncionalidade ou algo a ser visto e trabalhado.
Mudá-los de turma resolve o problema? No imediato, e para os filhos de quem fica sim. E para as crianças que saem?
Alguém me disse hoje que não podemos defender sempre os "coitadinhos" e que os outros não devem ser eternamente prejudicados por eles. Pois os "coitadinhos" têm tudo. A esta altura já deviam ter chumbado por faltas, pois são expulsos em grande parte das aulas, e de alguma forma as faltas desaparecem. Se têm negativas, também há forma de passarem de ano. A Escola e os professores perdem imenso tempo com eles. Quer seja a pôr-lhes algum juízo, quer seja a convocar os pais para lhes meter juízo.
Mas a meu ver aqui começa a vida deles. O Início da rejeição.
Mandá-los para outra turma transfere o problema no imediato, não o resolve. Para mim complica-o. É evidente que eles precisam de ajuda. E agora tentem dizer-me que se não lhe dão em casa não terá a sociedade, no papel de Escola, a ter de o fazer?
Muitos dizem-me que não tenho nada que me preocupar com o filhos dos outros e que a Escola também não. Os pais que os eduquem. Mas se esses não o fazem que o faz?
Colocam-se a um canto e vê-se depois?
Não será menos dispendioso para a sociedade tratar do problema já?
Porque não colocar psicólogos nas Escolas para estas situações?
Afinal se formos a fazer contas o dinheiro gasto com sucessivas repetições de ano, cartas e telefonemas para os pais. Desgaste psíquico dos professores, dos restantes pais e dos colegas de turma não será pior e trará mais gastos?
E agora espero pela reunião de pais para ver no que dá este circo que 5 putos fazem!
Obrigada quem disponibilizou a imagem na internet