A fazer, que seja em grande!
Gosto de folhear o Jornal ao fim de semana, às vezes só leio as "gordas" e paro para ler algumas notícias que parecem chamar-me. Desta vez cedi ao chamamento de uma reportagem feita por Isabel Sottomayor (no jornal Público), o texto falava de pequenos furtos que podem arrastar-se durante alguns anos (o que não é novidade) nos tribunais e que comportam somas importantes quer para o Estado quer para os criminosos.
Entre algumas histórias, verídicas, ali descritas está a de uma reformada que TENTOU furtar um frasco de descafeinado no valor de 2,98 euros! A dita senhora foi condenada a uma multa de 540 euros mais as despesas do processo. Sominha feita 642 euros!! Claro que como não podia pagar tal soma, depois de apresentar os comprovativos foi dispensada do pagamento das despesas do processo, mas não se livrou da multa.
Toma! Que é para aprender! Quem manda querer dar-se ao luxo de beber descafeinado? É beber leite quente! Ou há falta deste, água morna. Bem, e como o gás está caro e a eletricidade também, é mesmo melhor beber água fria! Mas, aguinha da torneira porque ou estou enganada ou a engarrafada vai passar para os 23% de IVA.
A reportagem faz referência a um artigo, o 203º, do Código Penal que é super interessante, refere que: "qualquer furto mesmo que na forma tentada, é punível com uma pena que pode ir de multa até três anos de prisão."
E eu que pensava que a nossa Justiça não funcionava bem! Hã?
Cheguei com isto a uma conclusão, que penso evidente, quando se quer fazer algum furto, ou algo parecido, que seja EM GRANDE! Porque assim temos a certeza de não sermos punidos (como deveríamos)!
Do género, criar buracos orçamentais do tamanho da Lua; pegar no dinheirito dos nossos impostos e aproveitá-lo como queremos, sem nos importarmos se é nosso ou não; meter ao bolso e fazer umas falcatruas ir passar férias ao Brasil, e dizer que estamos foragidos, só para enganar, voltar e ser eleito Presidente de uma qualquer Autarquia; arrastar processos até que prescrevam (engraçado como estes GRANDES prescrevem sempre); andar metido em casos bicudos do conhecimento de todos mas a que todos fecham os olhos... Ah! E claro concorrer às Autárquicas da Madeira, porque aí é que se tira a pós graduação em grandes "empreitadas" furtivas! Ou será o Doutoramento?
Mas, tudo isto existe, tudo isto é triste, tudo isto é fado....
O meu tento quer fazer orelhas moucas a estes chamamentos jornalísticos, mas o meu tento não consegue!
Silêncio que se vai cantar o fado. Cuja letra é examente o sentimento que tudo isto evoca...