Era uma vez....
Ultimamente tenho lido, e ouvido, algumas histórias e historietas, gostaria que fossem ficção mas infelizmente têm um ar demasiado realista para as considerar assim.
Sempre que ouço alguém do Governo a falar (seja lá quem for que esteja lá) parece-me sempre que eles não devem viver no mesmo Portugal que eu!
Ontem apanhei na TSF alguém do atual governo, não cheguei a perceber quem era, mas isso talvez não interesse porque eles pensam todos o mesmo quando estão lá, só pensam diferente quando são oposição! Continuando, essa pessoa falava sobre o aumento das taxas moderadoras nos Hospitais e Centros de Saúde. Não estamos a falar de um aumentozito, estamos a falar de um aumento de 100%!!! Mas a tal Senhora achava que não era nada de mais e chegou a dizer que os que falavam contra, mais este aumento, passo a citar, "Usam frases demagógicas incendiárias, porque este é um aumento com justiça", podem imaginar a minha fúria!?
A tal senhora dizia que a par disso iriam aumentar a parte das isenções. Será?!! Não se me quer parecer, acho que aí é que reside a demagogia.
Mas, supondo que tal acontece, vou citar um simples exemplo:
Numa família de classe média, com dois filhos, em que o rendimento é superior aos 600 euros per capita, portanto até vamos supor que ganham 1000 euros cada um, 2000 euros mês, pagam renda ou prestações de casa e até do carro (porque o que tinham estourou) têm que comer, vestir-se, e os miúdos crescem há que comprar roupa para cada estação, vêem a fatura da luz e do gás a aumentar, o IVA também aumentou em alguns produtos, não fumam não tomam café, não fazem gastos supérfluos, vêem os seus subsídios a voar (que serviam para fazer face a algumas despesas extra ou para amortizar as prestações), pagam mais imposto, e na escola dos miúdos estão a pedir ajuda para fotocopiar as fichas de avaliação, compram volta e meia um livro (que para alguns pode ser considerado supérfluo, para mim a cultura é essencial), às vezes até iam ao teatro, mas agora... enfim uma balança pouco equilibrada que pesa mais para o dinheiro que sai.
Entretanto, um deles tem um azar do caraças e parte uma perna! (Atenção isto é a doença mais simples e sem direito a isenção, porque são muito poucas as que têm) Vão à urgência e pagam 20 euros! O que partiu a perna tem que por atestado 4/5 meses, tem que fazer fisioterapia, e ainda há que ir ao Centro de saúde pelo menos duas vezes para passar atestado, ora mais 10 euros de cada vez, sem contar com os medicamentos e deslocações para a fisioterapia. Não esquecendo que a coisa pode complicar. E então? Então, respondo eu, está o caldinho entornado...
Contando que essa família até possui um cão, que por azar também adoece... não há dinheiro para fazer face às despesas extra no veterinário. E agora?
Demagogia? Querem falar-me de demagogia? Atrevam-se a falar isso perto de mim! Aconselho a quem o fizer um perímetro de proteção de pelo menos 500 metros
Pois, contam-se muitas histórias no Portugal de São Bento,muitas histórias que fazem adormecer muito boa gente. Mas no Portugal que eu vivo a história é assim...
Era uma vez uma classe média, que se extinguiu...
O meu tento quer ver se protegem a espécie em extinção "classe média", mas não estou a ver que vá conseguir!