Esta história da tolerância do Carnaval tem sido assunto na blogosfera. Neste mundo virtual, esta partilha de opiniões é muito positiva e muitas vezes ao lê-las mudo a minha opinião relativamente a determinado assunto, no entanto este jogo de ping-pong público/privado é uma coisa que me encanita.
A guerrilha de que se o "privado" não tem, o "público" não deveria ter, para mim deveria ser outra, deveria ser se o "público" tem, o "privado" também deveria ter. Se o público tivesse tolerância no carnaval, ou em outras alturas culturalmente importantes, a luta deveria ser para que os privados tivessem também, e porquê?
Porque a economia não deveria estar à frente das pessoas, mas sim as pessoas à frente da economia, e porque pessoas felizes trabalham melhor! Perguntem isso a qualquer entendido em psicologia que ele concordará comigo certamente.
O carnaval não está no calendário como feriado (F) está como Entrudo (E), e afinal o que quer dizer Entrudo?
Entrudo pode ser designado pelo conjunto de brincadeiras e festejos que ocorrem neste dia, que precede a época da Quaresma, a bem dizer é uma altura em que os crentes e os não crentes se podem soltar e divertir.
O divertimento é importante caramba! Soltarmo-nos é importante! Estou farta de tristezas, estou farta de ouvir os nossos políticos que fazem vergar com palavras quem já anda vergado de emoções.
Não me digam que não gostavam de ter mais um dia para estar com a vossa família e poderem dar-se à liberdade de brincar?
Eu sei que não vamos ter esse dia mas não me digam que não era preciso, não me digam que não fazia falta e sobretudo não dividam os "públicos" e os "privados", TODOS precisamos de esquecer a crise, de usufruir um pouco de horas livres. Naturalmente isso não poderia ser aplicado a todas as profissões, mas as que não o tivessem que se deixassem de ressabiamentos porque a vida são dois dias e um já vai a meio! Porque o que levamos daqui são as horas que passamos a fazer o que mais gostamos. Se essas horas forem a trabalhar tanto melhor! Mas se não forem, aproveitem e divirtam-se! Animem-se! Porque a malta precisa de estar animada e assim até trabalha e produz mais e melhor!
Já nos cortaram dois feriados (sem contar com os religiosos), a meu ver até de alguma importância cultural e histórica do nosso País, e o carnaval também já foi.
O meu tento fica a pensar se um povo que trabalha, ganha pouco, ficou sem subsídios, paga mais taxas moderedoras, paga mais imposto, trabalha mais horas, não precisará, não necessitará de um tempo para se fortalecer, para se cuidar, para cuidar da sua integridade psicológica? Será assim tanta treta o que digo? Estarei assim tão errada? Estarei assim tão piegas?
Faz já algum tempo li um artigo do Miguel Esteves Cardoso sobre o palavrão. Nesse tal artigo, ele expunha a ideia de que os palavrões deveriam ser usados livre e inocentemente, pois se assim não fosse, e para citar o autor, "...eles tornar-se-ão em meras obscenidades. E para obscenidade já basta a vida em si."
Já alguém, aqui na blogosfera, me incentivou a fazer um artigo sobre o poder de um palavrão. Pois é, Aquariana! Hoje chegou o dia de pôr o palavrão a funcionar!! E porquê hoje? Simplesmente porque alguém no meu serviço me disse que nunca me tinha ouvido dizer uma palavrão. A minha resposta foi - Ainda bem que não me ouves os pensamentos! Porque certamente se o conseguisses ficarias corado!!!
O palavrão consegue ser muito útil, por exmplo tem um grande poder analgésico. Quem não se entalou e soltou já um valente "c@r@lho? Put@ que pariu.... (nas reticencias está o alvo do tormento)", parece que a dor até atenua depois de soltar um despautério destes. Ahhhhhh....!
Imaginem agora se no lugar deste poderoso analgésico de primeira linha, se proferisse "Oh! Que maçada, aleijei-me a valer com....(novamente o alvo do tormento)", claro que a dor iria durar muito mais tempo e talvez até se tivesse que emborcar um paracetamolzito.
O palavrão serve para tudo, e está tão intrincado no nosso linguajar que até é largado em diretos televisivos, ou não se lembram do tão famoso "Ai fod@-se" do João Manzarra após uma queda inesperada do cantor Pedro Abrunhosa?
O palavrão serve para cumprimentar "Então pá? Tás fino c'mó c@r@lho!"; serve para soltar a nossa frustração "Estou a ficar ficar f&dido com aquele gajo!" ou "Não consigo fazer esta merd@! Put@ que pariu!"; serve para exprimir sentimentos "Amo-te c'mó c@r@lho!" (esta eu juro que ouvi, por mais estranho que pareça, não foi para mim, aconteceu é que eu ia a passar, por acaso=)); serve para ilustrar condições térmicas "Fod@-se! Está um frio do c@r@lho!", ou para aliviar-nos da pressão da crise "Fod@m-se lá os gajos do Governo! Onde é que eu gastei mais que as minhas possibilidades c@r@lho?" (e dito desta forma de certeza que não terão coragem de nos chamar piegas, e se tiverem também nos sairá uma resposta à maneira)
E na impossibilidade de o expressar verbalmente, embora o efeito não seja tão poderoso, pode pensar-se. Por isso hoje na minha mente, enquanto tinha que lidar com uma certa arrogância e falta de respeito pela minha ilustre pessoa, passaram-me coisinhas que nem com carateres a disfarçar conseguiria elucidar quem por aqui passe.
O meu tento acha que o palavrão é sim uma palavra de muita utilidade, e claro com muito valor e não pensem espetar-lhe com o acordo ortográfico em cima! Ou acham que ficaria bonito dizer "Qui caraca!" ou "Putis grilo". Terá que ser sempre à boa maneira portuguesa de peito cheio e com vigor (nem que seja no vigor de um pensamento livre)
Pois é! Ainda ando na minha atualização cinematográfica! Pode ser que lá para o fim do ano consiga ver os filmes que receberam nomeações agora...
Desta feita calhou a vez ao Woody Allen e à sua perícia em fazer-me refletir. Devo dizer, entretanto, que este cineasta não me caiu logo no goto, provavelmente tive azar nos primeiros filmes que assisti sob a sua realização, mas o certo é que não só fui gostando dele, como acho que tem o dom de emaranhar e entrecruzar vidas que nos transportam para a realidade.
Neste filme, ele levou-me a sonhar a entrar na irrealidade e ao mesmo tempo fez-me refletir que todos temos o nosso caminho é só uma questão de ter coragem de o seguir, e claro a sorte de o encontrar! Constatei também que a realidade dos outros parece-nos muitas vezes melhor do que a nossa. Esquecemos com frequência que existirão sempre "épocas de ouro", épocas de grandes criações! Estou a falar de arte! Pintura, poesia, música e claro o cinema!
No futuro estarão a falar da "nossa" época de ouro! Dos filmes que foram realizados, da bela literatura produzida no nosso tempo, da mania da vampirice e do 3D e claro da música que move montanhas e que espelha, muitas vezes, o sonho comum.
O meu tento adorou fazer esta viagem com Woody Allen à "Meia noite em Paris" ... gostei imenso de sentir o cheiro da chuva. Existirá algo que supere andar à chuva em pleno Verão (sim que não sou assim TÃO maluquinha)? Gostei de passear pelas magníficas ruas de Paris, tão bem acompanhada pela magnífica banda sonora deste filme, que dá sempre uma ideia de movimento, mesmo em cenas mais paradas.
Penso que este filme nos convida a fazer uma viagem para outros tempos, basta querer, escolher o lugar certo, abrir a mente e claro esperar pelas doze badaladas =)
Engraçado que para um interior maioritariamente PSD,e que tem sido esquecido por sucessivos Governos, inclusive pelo dos "seus olhos" seja lembrado por um dos partidos que menos votos tem .
Mas politiquices à parte, quero falar com um olhar de quem não é Transmontana de gema mas que tem um pouco da sua alma... quero falar-vos do Trás-os-Montes real, daquele sítio de avós, de homens de mãos de pele dura e enegrecida, das mulheres vestidas de negro e das crianças de face ruborizada. Esse Trás-os-Montes ainda existe, não está assim tão distante no tempo, nas lembranças dos muitos que daqui partiram para as grandes cidades.
Convido-vos a entrar neste interior Transmontano onde ainda se vêm pessoas simples, no seu pensar e no seu trajar, pessoas envelhecidas em aldeias esquecidas pelo evoluir dos tempos, que nos tratam com carinho e com candura. De resposta pronta sempre que algo não lhes agrada mas de perdão fácil! Passionais!
Entrem nestas aldeias onde está mais quente na rua que dentro de casa, onde a par da coscuvilhice anda a entreajuda dos vizinhos.
Visitem comigo aquela aldeia onde conheço a história de vizinhos que se juntaram para fazer um quarto com casa de banho e com algumas comodidades simples, mas grandiosas na intenção! Na intenção de ajudar um idoso que não tem família e que vive numa casa a cair. Que se recusa a sair mas que não consegue manter essa recusa perante tanta generosidade.
Entrem comigo, e provem aquele bom vinho, o nosso "Cancelão" ou o "Encostas do Rabaçal"! E claro. provem as nossas castanhas e a nossa doçaria que não ficam atrás de nenhum pastel de nata de Belém. Fiquem e aqueçam-se nas lareiras que ainda ardem, apesar do pouco dinheiro que esgota para comprar mais uma carrada de lenha.
Vejam o nossa Universidade e as nossas Instituições de ensino superior de onde partem muitos profissionais deixando e levando saudade.
Entrem comigo nas nossas cidades onde pulsa o interesse pela cultura, pelo saber! Que se esforçam por fazerem dela um lugar digno e notório.
Usufruam das nossa belas paisagens e do cheiro a pinho, e claro da doçaria.
Conheçam o carnaval de Podence e os dias trezes sextas em Montalegre.
Sintam estes montes!
Espero que tenham gostado desta breve visita. O meu tento tentou transpor para o écran de um computador o que é intransponível!
A palavra é encarcerada pelo significado que um dicionário lhe dá
mas a palavra é mais forte,
A palavra é livre!
Ela liberta-se,
liberta-se do que não quer ser,
corre ao lado do sonho e até mesmo da ilusão,
mistura-se com eles, funde-se neles,
mas não quer ficar prisioneira de novo,
e por isso foge para não ser alcançada,
esconde-se para lá do que se vê,
para lá do intangível,
Enamora-se da esperança,
e vive forte, mais forte que a própria palavra que é,
Se não será a utopia,
o que será então?
LMaria
O meu tento acordou com esta ideia encarcerada que teve mais força do que eu e que se quis libertar, eu bem tentei amarrá-la mas ela rompeu as amarras ...
Calhou-me ver algo na minha caixa de correio eletrónico que me fez tomar a resolução de por de lado algumas pendências que tinha para escrever (tenho uma lista enorme que não consigo por aqui, vontade e ideias não faltam, mas...), resolvi deixá-las "lá", e passar a algo que acho que me fez sentido colocar aqui.
Não sendo da minha autoria as palavras que deixarei aqui hoje despertaram algo em mim. Fernando Birri (cineasta) numa palestra dada a estudantes na cidade de Cartagena de Índias, e estando na companhia de Eduardo Galeano (jornalista e escritor Uruguaio) que tornou públicas suas palavras que deixo gravadas, não só no meu blogue mas também na minha mente, para que possa sempre lembrar-me que apesar de algumas ciosas não nos fazerem sentido à primeira vista são elas que nos movem. São elas que nos fazem "delirar".
À questão de um estudante "Para que serve a utopia?"
A resposta, a meu ver brilhante, de Fernado Birri foi:
"A utopia está no horizonte, eu sei muito bem que nunca a alcançarei, que se eu ando 10 passos ela se distanciará 10 passos, quanto mais a busque menos a encontrarei, porque ela se vai distanciando quanto mais me aproximo. Pois, a Utopia serve para isso, para CAMINHAR!"
E o meu tento tentará firmar estas palavras para caminhar também para algo que sabe que nunca alcançará, mas que nem por isso tornará a caminhada menos válida, menos importante! Muito pelo contrário.