Culpa dos donos ou dos cães?
Confesso que há alguns dias que não abria o Jornal, e era tão feliz...
Mas a verdade é que não posso ficar na ignorância sobre o que se passa ao meu redor muito tempo. Não é do meu espírito, algo que tenho que trabalhar, pois dava-me muito jeito e poupava-me a uma úlcera gástrica!
Abri hoje o Jornal, e de entre muitas notícias houve uma que me chamou logo a atenção, entre tantas outras que também contribuíram para a corrosão estomacal. Morreu mais uma criança mordida, atacada, por um cão "arraçado" de Pitbull, na passada terça -feira em Beja!
Não é segredo que adoro cães, e compreendo que muitos os adorem mas, e aqui um mas com letras maiúsculas, MAS, nem todos podem ter cão, e não tanto por uma questão de espaço, porque isso é muito relativo, mas porque nem todos têm a capacidade, conhecimentos e perfil para ter um cão! Não chega só gostar de cães, e isso é um facto incrivelmente importante e que muitos se esquecem.
Também é importante que não se adquira um cão por capricho ou por vaidade, um cão precisa de tempo para ser educado e sociabilizado, precisa que saibamos como funciona a sua mente e precisa sobretudo de alguém que saiba como educá-lo e no quese está a meter.
Não vão gostar do exemplo, mas mesmo assim arrisco, não educamos os nossos filhos quando são pequenos? Pois é. Os cães precisam de ser educados, sociabilizados, para que a convivência com o ser humano seja de harmonia, para que ambos possam desfrutar em pleno da companhia um do outro.
Muitos adquirem um cão por impulso, erro crasso! Ter um cão implica muita reflexão e algum processo de investigação, para no futuro evitar dissabores. E não falo só destes ataques, mas também daquelas cães insuportáveis que não se calam, daqueles que são os chefes em casa e os humanos que compartilham o espaço com eles são os seus servos e daqueles cães neuróticos que têm imensos problemas de comportamento.
Outro factor muito importante é a escolha da raça. Não que eu tenha alguma coisa contra rafeiros, já tive um, e gostava imenso dele, o certo é que as raças levam-nos, teoricamente, a saber de antemão quais as expectativas que devemos ter em relação ao cão. Mas nunca esquecendo que um cão precisa de ser educado, precisa de alguém que saiba como lidar com ele, e se esse alguém não sabe que peça ajuda.
Eu tive um Labrador, o meu quinto cão, o único que coabitou comigo, que viveu dentro de casa e que desfrutava do espaço familiar. Os outros tive-os enquanto vivia com meus pais e estavam sempre fora no quintal. Mas um Labrador é definitivamente um cão de família e ao contrário de que possam pensar ele precisa mais das pessoas do que de um quintal, ele adora companhia humana. Mas mesmo um Labrador, que tem a fama de ser o melhor cão de família, um dos cães considerados dos mais inteligentes, mesmo esse, tem que ser educado e deve ter alguém que o entenda, senão torna-se insuportável. E eu já vi alguns Labradores que eram verdadeiros "tanques de guerra"! Não que fossem agressivos, acho que isso não é fácil para um cão desta raça, mas tinham comportamentos destrutivos, eram imparáveis e alguns verdadeiros alucinados!! E não nos esqueçamos, eles são grandes e têm tanta força quanto doçura! Temos é que saber ensiná-los a "medir" a sua imensa força e energia. É preciso tempo para isso, tempo e muita dedicação, pelo menos no seu primeiro ano de vida, e depois é importante não esquecer as regras básicas e ir reforçando ao longo da sua vida a aprendizagem realizada.
E uma regra básica, simples e que nunca, mas NUNCA E EM HIPÓTESE ALGUMA DEVE SER ESQUECIDA - Uma criança sem maturidade não deve ser deixada só com o mais meigo dos cães!!
O meu Labrador era um doce, nunca faria mal ao meu filho, não intencionalmente. Agora imaginem a cena,
Deixo a criança como o cão, o gaiato sobe-lhe para cima e decide experimentar enfiar-lhe os dedos nos olhos, coisa perfeitamente natural numa criança sem maturidade e que está em plena descoberta. O que faz o cão?
Defende-se e levanta-se com a maior rapidez possível para não ser "atacado"! Entretanto o miúdo deu um valente trambolhão! E há quedas e quedas, como tão bem sabemos.
Agora imaginem uma cena parecida com esta com um cão que não foi educado, com tendência a ser agressivo, e também ele mais do que imaturo!
E há que existir uma mentalização deveras importante, há cães que não podem viver em apartamentos! Mesmo que o dono o passeie e disponha de tempo para fazer exercício com ele. O espaço de um apartamento pode pô-lo neurótico.
Não sei o que se passou com aquela criança e muito menos conhecia o cão. Mas eu nunca teria um cão, arraçado ou não, Pitbull num apartamento! E muito menos com um menor.
Talvez esteja na hora das algumas pessoas porem o seu tento a funcionar para verem que ter um cão é uma escolha que tem que ser ponderada ao mais ínfimo pormenor, e tenham paciência, mas há raças que têm tendências para a agressividade! E se tiverem um "dono" inexperiente o somatório é explosivo!
Desfrutar da companhia de um cão deve ser algo positivo.