Quem somos nós?
Imagem retirada da net (obrigada a quem a disponibilizou)
O que me define não são os meus olhos e cabelo castanhos, o meu pequeno nariz e o meu jeito particular de andar, isso quanto mais distingue-me ao olhar de outros, mas não, não me define.
Perceber que o corpo que transportamos é uma embalagem que nos carrega é uma tarefa que todos deveríamos assumir.
Na nova era da mente e do cuidado que lhe devotamos muito ainda está por fazer. Temos de uma vez por todas de nos mentalizar que devemos cuidar do que somos, da forma como encaramos a vida, os problemas. Não será isso certamente o factor decisivo caso o nosso eu nos resolver pregar uma partida, mas certamente poderá trazer alguma ajuda quando deixamos de ser quem somos e nos tornamos noutro ser que não é compreendido, que ninguém o conhece e muito menos consegue lidar com ele!
Será que ajudará vivermos a vida com mais calma e de forma mais plena?
Será que ajuda tentarmos desfrutar os momentos com a sofreguidão de quem passa por eles só uma vez?
Ver alguém que nos é próximo desaparecer enquanto a embalagem, também ela envelhecida, mas reconfortantemente familiar ainda lá está é desesperante, revoltante e deixa uma pura sensação de revolta! Revolta essa muitas vezes dirigida até a pessoa que já não é ela, como se ela tivesse alguma culpa! Como se nós tivéssemos alguma culpa por nada fazer... por nada poder fazer...
Queremos trazê-la de volta e tentamos em vão fazê-lo... ela não nos ouve, ela não compreende o que lhe dizemos, isso irrita-a, torna-a agressiva e isso aumenta, o já de si enorme, espaço que existia entre nós.
Mudar o que se passou, quando isso não está, nem nunca esteve nas nossas mãos, mudar uma vida que não foi vivida com alma, mudar a relação que existia entre nós, mudar, mudar,.... agora já não há nada a mudar!
Agora somos nós que temos que mudar, adaptar-mo-nos aquele ninguém que ali está.
Um ser que espelha toda a sua revolta sem saber porque é que está revoltado. Triste, intempestivo, obstinado, por vezes agressivo e ao mesmo tempo uma criança, humilde, que faz birras quando a coisa não lhe corre a feição, que mostra o que está a sentir sem pejo nem vergonhas, que não sabe quem é....
Tento descobrir como poder relacionar-me com esse ninguém sem raiva, sem revolta, com calma, uma calma que peço para existir, esperando que a vida me dê uma resposta para isto, para alguém que desaparece aos poucos tão cedo, para alguém que desaparece mas está presente. Embora saiba que não há respostas...