A força do negativo
Imagem retirada da net - Obrigada a quem a disponibilizou
Tal como tinha dito por aqui ando nas minhas investigações sobre adestramento canino, dado que o tempo é uma coisa tramada para os neurónios e como já fazem 15 anos desde o primeiro adestramento há muitas coisas que preciso relembrar e outras que quero aprender. Sempre tive a mania de ser autodidata. Gostaria de frequentar um curso sobre o tema, mas sejamos realistas, estou em Trás-os-Montes onde a preocupação com adestramento é igual a da plantação de um bananal aqui na zona...
Mas isto tudo para dizer o quê?
Por muito estranho que pareça ao tentar saber mais sobre como me aproximar dos cães mais sei sobre os humanos, nada que não me leve a uma determinada reflexão (quem me conhece já sabe que isto me acontece volta e meia e é passageiro).
Novas investigações e novas experiências demonstram que o "treino positivo" é o mais eficaz com os cães e que traz resultados mais duradouros e sem risco de danos "efeitos secundários" no comportamento canino.
Ou seja, temos por hábito recorrer a um castigo para parar um determinado comportamento (mesmo que seja temporário), isto é válido também para crianças, estou a falar a sério! Por isso a pessoa que impõe um castigo é reforçada positivamente. Como o comportamento indesejado cessa existe a crença de que o castigo resulta. Mas resultará sem custos?
Ao que parece não.
Mais tarde podem surgir os seus efeitos. E ninguém se lembrará da história que está por detrás.
No entanto, investigação científica concluiu que um castigo pontual, num determinado acontecimento e num contexto de reforço positivo, não causará muito estrago. Por isso, sim, talvez tenhamos que usar o castigo, "ou numa emergência ou por causa de uma falta de informação temporária, mas o castigo nunca deve ser usado como o tratamento de escolha". (retirado do blogue CâoSciência). Pensem se isto será só com os cães?
Muitas vezes até estamos cientes disto, e talvez não seja uma novidade assim tão grande, então porque é que se insiste no castigo?
A maior parte das vezes não é assim tão eficaz, veja-se as reincidências dos comportamentos que queremos eliminar, e os efeitos que trazem psicologicamente não são dos melhores. Pois é, deixa que pensar... e se procuramos bem a resposta está à vista. O reforço que nós obtemos por usar o castigo é muito forte!
E se pensarmos bem a própria humanidade é toda ela virada para a punição e castigo. Não seria de repensarmos em mudar os nossos métodos?
Vou dar um exemplo. Não será mais produtivo dizer a uma criança "tens que fazer os trabalhos de casa, pois teus amigos amanhã vão para o parque jogar, ou fazes os trabalhos hoje e amanhã vais, ou hoje jogas no computador e amanhã ficarás a fazer os trabalhos". Castigo? Não. Hipótese de escolha. Não será melhor do que chegado o dia e o(a) castigarmos com, "Não fizeste os trabalhos agora ficas de castigo e não vais brincar"
Obviamente talvez estes métodos não funcionem em todas as situações mas pode trazer-nos alguma reflexão. Será que não poderíamos agir de outra forma?
É claro que nem sempre nos lembramos de ser positivos, e pior ainda, nem sempre temos tempo...
Mas seria de tentar sermos mais positivos acho que valerá a pena. O problema está em consegui-lo sempre.Eu sei...