A moçoila que aqui debita umas ideias tem uma particularidade muito conhecida. É terrivelmente despistada! Despistada, distraída e desastrada. Uma combinação explosiva e que muitas situações me tem criado. A última foi a seguinte...
Costumo todas as manhãs dar uma volta com o meu 4 patas canídeo, e como me conheço tenho uma bolsa de colocar à cintura que contém tudo o que poderei precisar para tal volta. Sacos, ração (para o treino), pá para apanhar o nº2 e uma chave de casa. No entanto, precisei que retirar aquela chave de casa pois foi necessária para outra coisa que não vem ao caso. Portanto logo de manhã pensei "Não me posso esquecer de levar outra chave". Bem, já se está ver por esta altura o que aconteceu. Mas não fica por aqui. Obviamente, e isso costuma ser invariavelmente desta forma, mal a porta bate com a sua característica onomatopeia, "PUM", é o exacto momento eu que eu digo "Parva! Não tenho a chave!!! "
Por acaso, o meu excelentíssimo esposo estava perto e, como temos a dita "qualidade de vida" de viver num local onde as distância são percorridas num instante, a chave lá me foi trazida pelo meu cavaleiro andante.
Terminada a volta do cão, e como estava de férias, resolvi ir à frutaria buscar umas coisas para casa. Mal saio de casa e ouço "PUM", a porta a bater pela segunda vez e eu a esquecer outra vez a chave! Nãooo!!! Como pode ser???!! Só que desta vez dentro de casa estava a minha chave, a que o meu marido me tinha levado, portanto a dele, e eu estava na rua a dar voltas à mioleira para saber como poderia fazer para entrar dentro de casa!
Solução mais complicada, chamar os bombeiros. Hummm... não me parece. Fica para último caso. Solução mais simples e prática. Nós e os meus vizinhos, uma casa mais acima, trocamos de chaves de casa, eles têm uma cópia da nossa e nós da deles. Isto para o caso de surgir alguma emergência e também para podermos tratar da bichada uns dos outros. Restava-me a esperança de algum deles poder estar em casa, já que o vizinho trabalha por turnos.
Toca a telefonar, um não atendeu, restava-me o outro, a vizinha. Explicada a situação e muitas gargalhadas depois, tivemos que ir a outra solução, já que era impossível ela sair do trabalho para me socorrer.
E agora? Amigos, alguém adivinha qual foi a outra solução?
Eu digo. Recorrer a uma terceira pessoa. Uma amiga da vizinha, que também tem uma cópia da chave da casa dela, e que, por acaso, estava numa pizzaria perto de minha casa. Lá vai a Maria, pela chuva, buscar a chave da casa da vizinha para abrir a porta dela, tirar de lá a cópia da minha chave para abrir a minha porta!!!!
E assim se passou uma manhã inteira das minha férias! A esquecer chaves, a pedir chaves, a abrir portas que não eram minhas, a devolver chaves e finalmente a chegar a casa com almoço por fazer, sem fruta, molhada e cansada. Mas pronto,estava dentro de casa e restou-me rir da minha cabeça de alho chocho!
Gosto de muito de animais e eles devem ter um sentido que lhes indica que são bem vindos por aqui.
No início da semana deparei com uma visita nas escadas de casa, à primeira vista parecia uma brincadeira do meu filhote para me testar os nervos, mas depois de um olhar mais atento pude constatar que era uma visita a sério e não era de plástico!
O seu olhar atento e pachorrento captou-me a atenção.
O que fazer? Colocar o bicharoco no pátio, ou deixá-lo estar.
Hummm... lá fora está frio, estamos em Trás-os-Montes e não é agradável colocar um bichinho destes ao frio. Olha deixa-o estar e seja o que for!
E por ali esteve, foi mudando de local mas manteve-se nas escadas e deixava que a observassem e olhava para nós também de forma curiosa.
Ontem resolveu aperecer pela sala para assistir TV connosco e por aqui tem estado! Ora vai para debaixo de um móvel ou de outro, ora dá o ar da sua graça! O incrível é que adora ser observada e até deixa que lhe tirem fotos!
Aqui deixo uma.
Foto retirada com telemóvel (aumentada, na realidade mede mais ou menos 5 cm contando com a cauda)
Já lhe demos nome, chama-se "Tixa"! E por aqui andará enquanto quiser. O chato é que temos que ver onde pomos os pés!
Este jovem réptil é uma Osga. Muito menosprezada e perseguida pelas pessoas que não sabem ter "sangue frio" e não reagir à pancada com um pequeno e inofensivo lagartinho!
Ao contrário do que muitas pessoas pensam, as osgas não são venenosas e até são muito benéficas pois alimentam-se de vários insectos, tais moscas, traças, mosquitos e ao que parece até baratas! E só por isso já ganharam o meu respeito.
As osgas são vítimas de crenças erradas, difíceis de explicar. Apesar de serem um potente insecticida natural, ajudando no controle de pragas, só o nome deste pequeno réptil despoleta logo uma série de ódios e medos, com cara de nojo a acompanhar! Digam lá que quando viram a foto não fizeram?
-UGgHHH!! E quem me conhece neste momento deve estar a pensar em ligar-me já de seguida a perguntar se eu endoideci de vez!
Pois, eis que dou uma novidade, elas não são venenosas, não provocam, doenças de pele e não são peçonhentas (não são, não são, não são!). Mas também acho que ninguém pensa andar a esfregar-se nelas!!! Nem nas paredes, que é onde elas gostam de estar.
Elas parecem, como podem confirmar na foto, um crocodilo miniatura, mas não fazem mesmo mal a ninguém. Aliás, na minha investigação a sua população está com algum risco já que perduram os mitos sobre elas, e estas desgraçadas não tem culpa de não ter nascido com um aspecto mais agradável para o ser humano que se arma de chinelo e vassoura pronto a atacá-la.
Aqui deixo algumas curiosidades sobre este bichinho que parece ter apanhado uma cápsula do tempo vindo da época dos Dinossauros.
Em Portugal existem duas espécie: A osga-comum (Tarentola Mauritanica), que parece ser a que está na minha casa, e a osga-turca (Hemidactylus- Turcicus). O que as distingue, além, de outras características, e isto em grosso modo, a osga- comum é mais clara e maior a osga Turca é mais encontrada no Algarve e Alentejo, talvez goste de andar mais por ali. Mas não é por ser mais quente, uma vez que a osga-comum habita o sul da Europa, várias ilhas mediterrâneas e até o Norte de África!!
A sua reprodução faz-se de março a julho e em cada postura só põem 2 ovos, debaixo de pedras ou fendas, o interessante é que várias fêmeas podem depositar os os ovos no mesmo local!
A sua coloração pode variar consoante o seu estado fisiológico e estado de espírito. O que me deixa uma dúvida, será que ficam vermelhas quando estão irritadas?
Emitem sons bem audíveis quando são capturadas, e esta é a sua forma de comunicar, mesmo entre as das mesma espécie. Ontem pudemos ouvir esse som, já que a um toque ela emitiu um - Tsss , quase um sibilar
Se se sentrem ameaçadas soltam a cauda, como qualquer lagarto que se preze! Mas volta a crescer.
Geralmente hibernam de novembro, dezembro até março. No entanto, nas regiões mais quentes da Península Ibérica podem observar-se indivíduos mesmo durante o inverno.
Ao longo do verão apresentam actividade nocturna, e encontra-se perto da luz, que é para onde a sua comida é atraída! Aliás podem comer até 20 mosquitos por hora.
Em dias mais frescos e no outono é posível vê-las duranto o dia. Talvez por isso a nossa tenha dado o ar da sua graça.
Agora da próxima vez que alguém vir uma osga, não grite, não corra a buscar uma arma mortífera e teste a sua habilidade para a apanhar viva e colocá-la em outro local, isto se não gostar do sítio onde ela está. Mas tentem lembrar, não há melhor e insecticida mais natural que este!!