Estes dois últimos dias foram passados a prepara-me para um procedimento médico e realizar o procedimento em si. Algo que envolvia uma anestesia e para o qual eu não estava nada ansiosa, já que sabia que não ia sentir pitiriba da coisa.
À hora marcada lá estava. Preparada e com uma monumental dor de cabeça! Tantos dias para me doer a cabeça e tinha que ser logo naquele dia... Não tive que esperar muito para ser chamada, não antes sem poder apreciar condignamente a sala de espera que ficará para um próximo post. Idas ao hospital são um manancial para qualquer bloguer. Não tardará nada descobrem este filão de ouro e os hospitais ficarão com mais filas de espera do que já estão.
Lá entrei para a salinha indicada, desapossei-me de todas as minhas vestes e esperei pacientemente o próximo procedimento enquanto respondia à simpática conversa da querida enfermeira que atenuava qualquer desconforto causado pela minha insistente dor de cabeça. Quando chegou a altura de me colocarem a soro avisei, tal como uma boa paciente, que as minhas veias não gostavam de fazer a vontade a agulhas insistentes e ameaçavam sempre fazer as malas. E aí começou a saga...
- Pois. Está ansiosa. (como se falasse de uma verdade irrefutável!)
-Não estou ansiosa. É assim sempre. Quer venha ao hospital, quer tente tirar uma gota de sangue para um tubo. Simplesmente as veias não gostam de agulhas! Eu não tenho problema algum com elas. Mas que posso fazer se as minhas veias não são intrépidas como a pessoa que as alberga?
Depois de uma picadela sem sucesso, seguidas de mais quatro e ainda de três enfermeiras à minha volta me terem explicado que não encontravam o foco sagrado por eu estar ansiosa. Coisa que eu insistia em não estar, mas que estavam a conseguir pôr-me. Aliás, as enfermeiras pareciam mais ansiosas em encontrarem-me as veias do que eu em as disponibilizar. Lá conseguiram a hercúlea tarefa de me colocarem aquele frasco de líquido transparente. E a cabeça continuava a doer... agora um bocado mais.
Lá respondi ao questionário da praxe que queria saber se eu fumo, se me drogo (com estas veias nem que eu quisesse!), se tenho alergias e etc. Dizem-me para me tranquilizar que não irá demorar nada...
Irra! EU ESTOU TRANQUILA! Só me dói a cabeça... dava jeito era uma droguinha para isso...
Aparece de seguida uma médica com pronúncia espanhola, o que me indica que a sua origem é ali ao lado, no país vizinho.
-Hola! Como estách?
- Estou bem, só me dói um pouco a cabeça.
- Claro! És certo que estás anziossa.
(Ughhh!!!)
- Não estou ansiosa mas com tanta gente a achar que estou, se calhar até estou! Sem querer ou sem sequer notar!
Mas se quiserem eu fico ansiosa. Fico ansiosa para que me dêem algo para a dor de cabeça. Por favor
O tempo lá passou e começaram a perceber que de facto eu estava MESMO era com dor de cabeça e o bendito remédio não se fez esperar. Já agora aproveita-se o vaso sanguíneo que deu tanto trabalho a descobrir.
Esta mania de catalogar tudo de "é ansiedade", e que temos obrigatoriamente que estar ansiosos é simplesmente irritante. É absolutamente normal qualquer ansiedade e até desejável, mas será que é mesmo necessário tentarcolocar-se os pacientes ansiosos com a ansiedade que não sentem? Pelo menos aquela ansiedade que queriam a viva força que eu tivesse e que não tinha.
Imagem retirada da net, obrigada a quem a disponibilizou
Eu bem tento não escrever sobre crise, política e sobre a situação cada vez mais caótica do nosso país. Mas o título deste blogue irá certamente fazer com que me perdoem por hoje voltar a escrever sobre o tema.
O que me fez perder as estribeiras foi toda esta polémica à volta do pré aviso de grave dos professores para o dia dos exames nacionais.
Nuno Crato numa entrevista à TVI 24 referiu que também é professor! E não se lembra de ter feito greve em época de exames, refere que os professores não estão ser correctos, e que esta greve não os irá beneficiar. Refere ainda que “Estamos dispostos a toda a negociação, mas este tipo de atitude, que é tomar como reféns os nossos alunos, é algo com que não se deve brincar”.
Primeiro o Sr. Nuno Crato enganou-se, ele não é professor. Ele foi professor e está com amnésia! Ele é um POLÍTICO! E dos que sabe muito bem dar a volta! Dos que percebe de psicologia e que sabe o povo que tem. E que povo tem ele?
Pois, aí é que reside o cerne da questão!
O meu filho pertence ao grupo de alunos que é "refém" dos novos terroristas. Os professores.
No entanto, não me parece que os alunos estejam a ser usados como reféns.
Será que não existirão por aí pais que têm férias marcadas? E isso lhes irá alterar o esquema? Se é chato? Ó páh! Claro que é! Afinal a nossa vida depende das férias, vivemos todos o ano para elas! Não pensamos em "mai nada" nesta altura!
Mas meus caros, os professores não deviam estar sozinhos nesta luta, que diga-se de passagem já se percebeu que é totalmente inglória.
Mas arre! É uma luta legítima! Os pais deveriam estar com os professores!
Os pais deveriam reivindicar melhor qualidade de trabalho para quem educa, acolhe e está com os seus filhos diariamente! Para com quem lhes dá conhecimento e muitas vezes, volto a pedir desculpa pela minha grande boca, mas muitas vezes quem lhes dá carinho, o único que recebem durante o dia!
Mas em vez disso vemos pais contra professores, os terroristas do momento! E o que é que o Governo, na figura do Ministro, faz? Aproveita-se disso e joga muito bem a sua cartada! A estocada final!
Recurso Civil?
Sabem o que é que acho que TODOS os professores deveriam fazer?
Não irem! Mesmo com o tal Recurso Civil! As lutas são assim. UNIDOS! Até ao limite! E digam-me, não chegamos ao limite?!?
Neste país temos uma guerra civil encapsulada, disfarçada, do género virtual, e este, e todos, os Governos sabem disso! E aproveitam-se disso, jogam com isso! Dividir para reinar!
Funcionários públicos versus Funcionários do privado
Professores versus pais
Ricos versus pobres
...
Ao que parece não somos todos Portugueses!
E isto não é assim tão simples quanto parece!
Com mais esta luta inglória, com mais esta divisão da população vamos dilacerando os direitos de cada um. As lutas de cada um que deveriam ser de todos!
Com mais esta divisão vamos quebrando tudo aquilo que ainda poderíamos conquistar! Mas não! É mais fácil apontar o dedo, não é.
Pois é assim, o meu filho vai fazer exame e tanto está preparado para um dia, como para outro!
Tentamos nunca criar demasiado nervosismo nele em relação a exames pois sabemos que isso pode ser contraproducente. Ele não é um refém. Não dos professores. Ele está a ser usado como escudo no rompimento de direitos que agora são de uns e amanhã podem ser de todos! Mas é mais fácil olhar para o nosso umbigo! É mais fácil ver o que nos dá jeito a nós, e só a nós!
Não sou professora. Mas sou mãe e estou na luta para melhores condições de trabalho para aqueles que estão com o meu filho todos os dias! Luto para que a educação seja vista como um investimento, SEMPRE!
Imagem retirada da net, obrigada a quem a disponibilizou
Não sei porquê, volta e meia dá-me para ser do contra. Quando todos falam de exames nacionais nos blogues e os destaques eram esses, eu não me apeteceu falar sobre o assunto, hoje que TODOS os recortes em destaque são sobre o futebol, sim... Portugal vs Espanha (espero que levem uma abada). Eu decido ser do contra e falar sobre os exames.
Talvez não precise de dizer que sou contra estes exames à molhada. Não porque me deu para ser do contra, mas porque vejo a realidade de uma forma onde não encaixam os exames assim. Tenho lido e ouvido várias opiniões sobre o assunto e talvez isso fizesse com que a minha ficasse mais "cimentada".
Um dos muito argumentos que se usam para estes exames é o facto de serem iguais para todos e assim equilibrar o ensino e avaliação igual em todo o País. Estabelecer a igualdade com um exame nacional?!?Hã?
Outro, e este li no blogue Atenta Inquietude, pois não li a entrevista do professor visado, que refere que um Sr. Professor de Português num contexto da defesa dos exames refere que quanto mais não seja é uma oportunidade de autodisciplina para que os miúdos estejam "calados e sentados" durante 90 minutos!
Esta "medição de conhecimento" que assenta com "empinaço" de matéria para exames mete-me alguma confusão.
Então onde fica o sentido crítico, a capacidade de interpretação, a capacidade de defender uma ideia, a singularidade?
Não! Não sou contra a memorização, nem contra os exames e nem contra as avaliações!
O que sou é contra este ensino de números, quantidades e políticas educacionais que não pensam no futuro, porque o futuro tem que ter uma base sólida e o nosso futuro educacional anda sem bases!
Turmas de 30 alunos!! Que bases são estas?
Empinanço? Isto é a base? E isto fez-me lembrar o artigo de opinião de Daniel Oliveira no Expresso "O que é que isso interessa? Não sai no exame!". Não se enganem, o que vai passar a interessar é a matéria que sai no exame, o resto é lixo! E o que foi marrado possivelmente terá o mesmo destino, irá para a "gaveta do esquecimento".
Claro que tem que existir um avaliação! Esta, do meu ponto de vista, deve ser rigorosa regular a par com as aprendizagens.
O nosso sistema educativo deveria apostar em vias diferenciadas promovendo uma melhor qualificação da aprendizagem e, claro, profissional.
Os alunos terminam o básico sem saberem interpretar um texto e desenvolver uma ideia! E isto resolve-se com um exame? Com mega-agrupamentos? Com turmas de 30 alunos? Isto resolve-se traçando objectivos a curto-médio prazo e sempre com a sombra da Troika? Isto resolve-se utilizado exames como instrumento político? (E isto é válido para todos os Governos)
Já se pensou no abandono escolar? Será que é isso que interessa? Porque é que outros sistemas educativos abandonaram estas ideias?
A igualdade não será transmitida através de um ensino que vise ser equitativo? Como pode existir igualdade entre Lisboa em que nas salas de aula os miúdos não sentem a agrura de uma geada? Sim! A Escola não tem dinheiro para pagar o aquecimento.
Como pode existir igualdade onde as aulas de laboratórios de Ciências não funcionam na maior parte das Escolas? Onde as vivências de Norte a Sul não são as mesmas?
Promovam a igualdade mas comecem do início, ora tentem lá.