Aqui há uns dias falava-se sobre o tempo, aquela conversa que dá sempre jeito quando não há que dizer. Mas neste caso estávamos a discutir os gostos pessoais. Havia quem gostasse do inverno (custa escrever em minúsculas segundo o novo AO) porque gostavam das coisas que vinham com ele... noites ao sofá com mantinha e chá ou chocolate quente, castanhas assadas, lareira acesa. Enfim, uma lista de aconchegos gostosos mas que para mim não me tiram, e sobretudo não fazem esquecer, o desconforto que é o inverno. O frio, as manhãs de geada a passear o cão, o catano da chuva que não deslarga e o nevoeiro irritantemente irritante (sim é de propósito esta repetição, é um reforço para a minha irritação).
Definitivamente sou uma pessoa de verão. Sol, bom tempo, passeios, manhãs quentes, roupa fresca, até a chuva é agradável, e muitas vezes bem vinda. Mas o caso muda de figura se falarmos de neve, que para mal dos meus pecados cai no inverno...
Quem não gosta de neve?
À primeira vista ter tudo pintado de branco, monocromáticamente, pode parecer aborrecido, mas a neve traz com ela uma infinidade de tons e possibilidades infinitas.
E o que me faz gostar mais dela é ver os locais ainda não pisados, imaculados com o véu mágico que os cobre. Gosto de saber que fui a primeira a colocar ali a pegada, a retirar o véu, que fui eu que descobri aquele bocadinho! No fundo, gosto da aventura que é um dia de neve.
Provavelmente podíamos adaptar isso aos nossos dias, que são todos novos e trazem com eles infinitas possibilidades, mas digam lá, se forem cobertos de um manto branco ainda melhor
Imagem retirada da net (obrigada a quem a disponibilizou)
Dona Andorinha acordou hoje muito atarefada. Há dias que andava para fazer o que tinha que ser feito mas hoje tomou a decisão final!
Iria ao Conselho de Primavera onde estão reunidos todos os que são importantes. Os rebentos de flores, as folhas verdes, a Sr.ª D.ª Cegonha, dama respeitada e com linhagem pura, muito bem acompanhada do seu marido, que nada diz e faz, só tem aquele ar sisudo como se estivesse a pensar algo, algo que esperamos que vá sair a qualquer instante mas que nunca sai! Palavras deixa-as para a Sr.ªDª Cegonha. O menino casulo de borboleta que todos esperam que diga e faça alguma coisa, já que tem muito potencial, mas que no momento do "vamos ver", não vemos é nada! E temos que esperar... e esperar... até que aconteça algo. Poderia contar-se com as Sr.ª Abelha mestra e com a Dª Vespa, mas esses só zuniam e nada faziam. Até a mosca nojenta, o varejão palerma se esperam que estivessem no conselho só para chatear e fazer barulho!
O que a D.ª Andorinha ia fazer era muito importante! Ela que tanto trabalho teve para alimentar os seus filhos, que tanto andou, que tanto penou, que tanto fez, iria agora ficar sem nada!?!
Nem que o Senhores do Consenso de Inverno se esmilhafrassem todos ela não ia deixar que lhe fizessem isso!
E não adiantava que lhe viessem dizer que ela tinha a mania das grandezas! Que andou a pensar em viver acima do que podia! Que só gostava era de muito sol e de flores, de brisas frescas e de ver chegar o verão sem grandes pressas. Ela queria era poder escolher o seu ninho e não ficar sempre com medo que uma qualquer enxurrada o levasse! Além disso Dª Andorinha tinha os seus lindos filhos para alimentar!
E hoje ela estava convicta e plenamente decidida!Iria apresentar uma Moção de Censura ao Inverno!
Já chega! Precisamos de sol! Dizia ela. Se não deixam vir o sol tudo o que quer despontar, crescer, florescer e aparecer, tudo isso fica tolhido, assustado e até pode fugir!!
E como podemos viver com tantas nuvens cinzentonas que não têm mais nada na cabeça senão mandar fazer chover?!?
Não esperava conseguir muito com a sua Moção de Censura, mas tentarnão lhe fazia mal nenhum. Podia ser que assustasse o Consenso de Inverno. Que o fizesse pensar que têm que deixar surgir nem que seja só um bocadinho de Primavera, só um bocadinho de sol, só um bocadinho de brisa... que deixassem de ser tão amuados e mandões! Que vissem mais além do que as nuvens! Que percebessem que a terra se quer abrir para deixar sair a vida!
Mas aqueles senhores pareciam não ouvir ninguém...
Afinal ela não queria ter que ir embora tão cedo quando só agora aqui chegou!
A vida de Andorinha não é fácil! Pode parecer que gosta de grandezas, mas quem é que não gosta de um grande sol?