Este ano, finalmente, saiu a lei que penaliza os maus tratos aos animais e diz ela que "quem, sem motivo legítimo, infligir dor, sofrimento ou quaisquer outros maus tratos físicos a um animal de companhia é punido com pena de prisão até um ano ou com pena de multa até 120 dias".
Pergunto-me se uma animal em exposição numa vitrina de uma loja de animais não estará em sofrimento?
Para quem entende um pouco de canídeos diria sem sobra de dúvida que sim. E com algumas raças esse sim é tamanho XXXL!
No fim de semana entrei numa grande superfície cujo objectivo não é a da venda de animais mas que possui uma secção que os tem. Falo da loja Bricor no Mindelo. O que vi naquela loja fez-me questionar onde estaria o limite para os maus tratos?
Nas várias vitrinas podia ver-se dois cães da raça Sptiz anão, que brincavam no meio dos seus dejetos, e um que me chamou a atenção, tal era o seu nervosismo, já que se mordia, e tinha um olhar vazio. Falo de um cão raça Labrador. Ele estava com os jornais por baixo de si rasgados, as fezes já não eram limpas há algumas horas, a jaula estava pois bem suja e o pobre do animal também.
Ora quem conhece esta raça sabe que eles detestam ficar privados de companhia, nada os faz sofrer mais. E não é alguém a bater no vidro (apesar dizer para não o fazer) que lhe traz o convívio desejado. Além disso, necessitam de exercício, não só físico mas sobretudo mental. Brinquedos mentalmente estimulantes, por exemplo. O cão em questão para além do espaço exíguo só lhe restava brincar com o seu cócó ou o jornal encharcado de urina.
Pergunto eu.
Isso não será infligir dor e sofrimento sem um motivo legítimo?
Qual a legitimidade de fazer sofrer um animal só para lucro próprio?
Já não deve ser novidade que sou uma verdadeira amante do mundo animal.
Esta semana a revista Visão tinha um artigo que me chamou a atenção, falava sobre o tratamento dado a animais em rodagens de filmes. As cenas que descrevem sobre o mau trato a animais são de cortar o coração. Existe um filme com estreia marcada para Março que se intitula "Comprámos um ZOO" onde são usadas espécies selvagens ou exóticas, como tigres e macacos, que causaram polémica e algum reboliço pelas condições dadas aos animais e que apesar de algo domesticados não estão onde deveriam estar, em liberdade.
"Cavalo de Guerra" teve também a presença da AHA (American Human Association) que supervisionou a segurança equina e até a PETA (Pessoas para o tratamento ético dos animais) ficou surpreendida com as condições de tratamento, dadas a estes animais, neste filme, onde foi usada alta tecnologia, agora disponível, para as cenas mais perigosas, onde o uso dos animas poderia expô-los a stress.
Um filme que falei num artigo "Água aos Elefantes" recebeu nota máxima pela AHA (que regulamenta a segurança dos animais durante as filmagens), no entanto, antes da estreia do filme, o grupo Animal Defensers International divulgou um vídeo, captado por câmara oculta, onde mostrava o elefante usado no filme a ser treinado com recurso a choques elétricos e bandarilhas, muito antes de começarem as filmagens.
A preocupação agora voltou-se também para o que pode estar a acontecer durante os treinos, longe das filmagens. Como é óbvio, se eu tivesse sabido isto não teria visto o filme. Talvez estivesse a ser demasiado crédula em relação a este assunto, pois sempre pensei que não seria causado sofrimento de espécie alguma aos animais, sabendo que existe o recurso à mais alta tecnologia onde se possa substituí-los, sempre que o seu tratamento digno seja posto em causa. Mas por vezes, quando assistimos a um filme, não pensamos de imediato que quando são usadas espécies selvagens estas podem estar a ser usadas com base na coerção! De forma diferente pode ser o uso de cães, gatos e até cavalos, mais habituados ao ser humano.
De forma cada vez mais pertinente tem sido já uma preocupação o tratamento e o uso de animais nos filmes dentro e fora de cena.
Mas existe algo que me horroriza e vai além da minha compreensão, para que é que se querem cães acorrentados a uma casota? Expostos às agruras meteorológicas, confinados a um espaço onde fazem as suas necessidades no local onde dormem comem e brincam....
Será que não existe ninguém que pare com isto? Será que as autoridades não deveriam acabar com isto?
Na minha adolescência havia uma "brigada contra cães acorrentados", alguns jovens juntavam-se e soltavam, durante a noite, os cães presos pelos donos, isso acontecia por diversas vezes até que o dono se cansasse de o prender. Alguns donos furiosos montavam guarda, mas nessa noite ninguém soltava o cão, e claro à primeira oportunidade o cão era solto outra vez.
Eu fazia parte da "brigada diurna" que alimentava e acarinhava todos os cães que estivessem soltos (muitas vezes vadios) e me aparecessem. A minha mãe e as mães dos meus vizinhos não achavam grande piada à "canzoada" (como elas chamavam) que andavam sempre à nossa volta. Eu saía de casa sempre muito bem escoltada=)
O meu tento não pode agora pertencer a nunhuma brigada mas pode denunciar estes casos o que é muito difícl pois as autoridades não estão sensibilizadas.
Ás vezes questiono-me, quem será o animal? Quem será selvagem? Quem será irracional?