Partilhar...
O ser humano é feito de partilha. A maior parte de nós sente-se bem a partilhar, embora admita que há certas coisas em seria preferível não se exagerar na generosidade, como por exemplo no mau humor. Mas até esse faz parte da nossa solidariedade para com o próximo.
O nosso nível de partilha também é influenciado pela confiança e intimidade que depositamos no próximo. Não é a qualquer um que deixo retirar-me comida do prato, meu filho costuma dizer que esse é um exercício que envolve muita adrenalina.
Também não é costume partilharmos a nossa vida íntima com qualquer amigo, e há quem até não o faça de todo. Mas há quem partilhe em demasia tudo, desde o que deve até o que não deve…
Por norma partilhamos, de uma forma ou de outra, por atitudes, ou até por omissões, o que desejamos. No entanto, refletindo mais a sério no tema, existe algo que para ser partilhado envolve sempre um grau de intimidade e confiança no outro muito elevado. Falo do silêncio.
Não partilhamos o nosso silêncio com qualquer um.
Falo daquele silêncio em que estamos em paz, em que não nos sentimos na obrigação de quebrar o gelo, de dizer algo para que a ausência de som não se torne confrangedora. Aquele silêncio que só conseguimos partilhar com poucos e que saímos sempre mais revigorados depois dessa bela e única partilha. Porque nem sempre só quando falamos dizemos algo de importante, e só quem nos compreende bem é que sabe o que queremos dizer, mesmo o que a nossa boca cala!
E tentar essa partilha demora tempo, conhecimento do outro e respeito mútuo.