A moda do empinanço
Não sei porquê, volta e meia dá-me para ser do contra. Quando todos falam de exames nacionais nos blogues e os destaques eram esses, eu não me apeteceu falar sobre o assunto, hoje que TODOS os recortes em destaque são sobre o futebol, sim... Portugal vs Espanha (espero que levem uma abada). Eu decido ser do contra e falar sobre os exames.
Talvez não precise de dizer que sou contra estes exames à molhada. Não porque me deu para ser do contra, mas porque vejo a realidade de uma forma onde não encaixam os exames assim. Tenho lido e ouvido várias opiniões sobre o assunto e talvez isso fizesse com que a minha ficasse mais "cimentada".
Um dos muito argumentos que se usam para estes exames é o facto de serem iguais para todos e assim equilibrar o ensino e avaliação igual em todo o País. Estabelecer a igualdade com um exame nacional?!?Hã?
Outro, e este li no blogue Atenta Inquietude, pois não li a entrevista do professor visado, que refere que um Sr. Professor de Português num contexto da defesa dos exames refere que quanto mais não seja é uma oportunidade de autodisciplina para que os miúdos estejam "calados e sentados" durante 90 minutos!
Esta "medição de conhecimento" que assenta com "empinaço" de matéria para exames mete-me alguma confusão.
Então onde fica o sentido crítico, a capacidade de interpretação, a capacidade de defender uma ideia, a singularidade?
Não! Não sou contra a memorização, nem contra os exames e nem contra as avaliações!
O que sou é contra este ensino de números, quantidades e políticas educacionais que não pensam no futuro, porque o futuro tem que ter uma base sólida e o nosso futuro educacional anda sem bases!
Turmas de 30 alunos!! Que bases são estas?
Empinanço? Isto é a base? E isto fez-me lembrar o artigo de opinião de Daniel Oliveira no Expresso "O que é que isso interessa? Não sai no exame!". Não se enganem, o que vai passar a interessar é a matéria que sai no exame, o resto é lixo! E o que foi marrado possivelmente terá o mesmo destino, irá para a "gaveta do esquecimento".
Claro que tem que existir um avaliação! Esta, do meu ponto de vista, deve ser rigorosa regular a par com as aprendizagens.
O nosso sistema educativo deveria apostar em vias diferenciadas promovendo uma melhor qualificação da aprendizagem e, claro, profissional.
Os alunos terminam o básico sem saberem interpretar um texto e desenvolver uma ideia! E isto resolve-se com um exame? Com mega-agrupamentos? Com turmas de 30 alunos? Isto resolve-se traçando objectivos a curto-médio prazo e sempre com a sombra da Troika? Isto resolve-se utilizado exames como instrumento político? (E isto é válido para todos os Governos)
Já se pensou no abandono escolar? Será que é isso que interessa? Porque é que outros sistemas educativos abandonaram estas ideias?
A igualdade não será transmitida através de um ensino que vise ser equitativo? Como pode existir igualdade entre Lisboa em que nas salas de aula os miúdos não sentem a agrura de uma geada? Sim! A Escola não tem dinheiro para pagar o aquecimento.
Como pode existir igualdade onde as aulas de laboratórios de Ciências não funcionam na maior parte das Escolas? Onde as vivências de Norte a Sul não são as mesmas?
Promovam a igualdade mas comecem do início, ora tentem lá.