Religião ou política
Há uma regra muito simples para evitar grandes discussões ou chatices. Essa regra é tratar de evitar certos assuntos polémicos. Ora a polémica estala, quando há divergências de opinião, quando falamos temas relacionados com política ou religião.
Normalmente quando se discutem esses temas, quer no meu local de trabalho, ou com pessoas que não tenho à vontade, tento estar mais no papel de observadora e calo-me. Posso emitir uma ou outra opinião, mas sempre suavemente sem “armar muita onda”.
Primeiro porque sei perfeitamente o grupo onde estou inserida e ser a ave rara do local não é uma posição fácil e simpática. Depois, porque há malta que por muitos argumentos que dês nunca vai entender o que se lhe fala! Como se da nossa boca saíssem uns hieróglifos incompreensíveis!
Ora, aqui há uns dias quebrei a minha regra de “evitar discutir política e religião”. Isto porque questionaram de forma muito direta;
O teu filho nunca foi à catequese!!!? Porquê?
A minha resposta foi simples e que me veio à cabeça, "Porque não sou católica!". Arrependi-me mal olhei para as caras em choque à minha frente! Poderia ter respondido, “Porque não!”, e a maioria pensava que o meu filho não foi à catequese porque me ocupava os sábados todos, como acontece a muitos quando os filhos deixam de ir... Nesses casos já não há muita força de vontade para cumprir a religião. Fazem a primeira comunhão, porque essa tem mesmo que ser, e pronto.
Mas disse a verdade, e essa mesma verdade choca muita gente. Quando expliquei que não sou católica porque a mim é que me choca uma religião cujos ensinamentos são baseados no pecado, na dor, no sofrimento e na aquisição de pontos para a entrada no paraíso. E que não posso gostar de um Deus assim! Que para mim Deus não é isso.
Continua a inquisição. Perdão, o inquérito.
- Mas afinal que religião tens?
- Nenhuma.
- Oh! Estás a brincar, és católica só que não praticante.
- Não. Não sou católica. Ponto. Isso quando de se ser católico e não praticar os fundamentos da religião a que se pertence é algo estranho... mas adiante.
- Não pode ser!!! Mas não acreditas em nada? Não Sentes nada?
Explicar que para viver a minha espiritualidade, ou senti-la, não preciso de ter religião, é algo que não é aceite nas cabeças da maioria!
A meu ver a religião controla demasiado as cabeças, limita visões e prende o espírito.
Respeito (fanáticos à parte, como é lógico) todas as religiões, e se cada um se sente bem com a que tem ótimo. Eu não me senti bem na religião católica, para a qual fui educada, como a gigantesca maioria dos descendentes de portugueses. O problema é que a maneira como me educaram, nessa mesma religião, não me aproximou dela e teve, sim, o condão, de me afastar.
Reger-me por princípios morais não quer dizer que estes tenham que advir de alguma religião, e se não os seguir estou a pecar. Quer dizer que os princípios morais deveriam ser unânimes independentemente das religiões.
Mas a tolerância para com outras crenças é um pouco diminuta.
E assim foi... agora imaginem se me ponho a falar das minhas ideias políticas num local geográfico onde o PSD impera? Era a morte!