Treino canino
Tóbi Tobias doido todos os dias! =)
Como sabem os meus leitores tenho um exemplar canino que nos faz companhia. Ele é um verdadeiro doce, mas, parece que há mesmo sempre um mas, tem uns defeitos que me têm dado alguns dissabores.
Um dos seus defeitos é o de pular para as pessoas. Mas não pula de uma forma qualquer! Pula mordiscando!! O que com o seu arcaboiço é uma grande chatice. Os dentes aleijam e o seu peso idem. E para isto contibui as brincadeiras do meu adolescente, a quem já me cansei de repetir que o estava a treinar ao contrário. Bem, o que se segue é que este hábito começa a tornar-se chato, já tento rompido uma camisa nos seus ímpetos; e até pode ser perigoso, quando se pensa que temos na família alguém com 91 anos e que pode levar com um monstro peludo com molas e demasiado feliz.
Outro defeito, não menos preocupante, é a sua terrível apetência pelos seres da mesma espécie! O que até é normal, mas que é deveras incómodo quando ele se esquece que vai de trela e não pode dar esticões e desatar a correr por estrada fora, pelo meio de carros a andar, para se apresentar a um cão (ou cadela) que ele vislumbrou a metros de distância! E lembrando que este menino peludo já foi atropelado devido à sua extrema simpatia e hábito de cumprimentar todo o bicho careto, seja pessoa ou animal.
O que me restava?
Pedir ajuda a quem sabe mais de treino do que eu. E essa ajuda veio em boa hora de alguém que me ficou com ele nas férias e aproveitou para treinar. Sendo uma pessoa extraordinária e levando só o preço que costuma levar pelo que se chama agora de "Pet Sitting", está muito na moda, sabiam?
Quando o fomos buscar parecia um cão diferente! O que ela nos disse é que ele estava muito próximo da perfeição. Não pulava em ninguém na casa dela, não corria atrás de outros cães. Enfim, quase um milagre. Ok... mas o trabalho não cessa aqui. É premente que se continue com o que a treinadora começou. Há que transportar o que ela fez para nossa casa. Para o ambiente que ele conhece e onde até agora se comportava de determinada maneira. Em suma. Devemos ensinar-lhe a transferir os comportamentos aprendidos para nossa casa e para os ambientes que ele conhece. Porque a "cura" não é imediata! E isto irá custar-nos até mais a nós do que a ele.
Para começar, nada de festas quando chegamos de trabalho ou quando o vejo de manhã. Principalmente eu, que sendo o primeiro membro a acordar e a chegar do trabalho, levo logo com todo o seu entusiasmo! Nada de festas, braços cruzados, nada de contacto ocular, e desviar-me se ele pula e prevendo esse comportamento devo mudar de direcção, fazendo com que ele não me toque sequer!!! As festas só devem ser feitas com ele calmo, muito calmo, e de preferência deitado. Tudo para que ele perceba que deve estar calmo para ter a nossa atenção.
E custa ignorá-lo!!! Vendo como ele fica feliz quando me vê. Mas para bem de todos assim tem que ser. Pelo menos até ele interiorizar que não é assim que se obtém o que se quer. Ah! E não ralhar, nem castigar, que além de ser contra o princípio do reforço positivo, também porqueatenção negativa é melhor do que "não atenção", o que para eles se resume a "Tenho atenção consegui o que queria. Vou continuar! Porreiro!". O pior é convencer algumas pessoas a fazer EXACTAMENTE isto. É que há gente que se sabe queixar dos pulos e do seu ímpeto, mas fazer o que se deve fazer? Está quieto!!!
Quanto ao não correr atrás de exemplares de 4 patas. Simples. Reclamar a sua atenção com engodo. Comida. Este tipo vende-se por comida!!! Passa um cão e o que é que fazemos?
Mostramos um punhado de ração e vamos premiado a sua atenção em nós, e não no outro canino, com comida. E tem corrido bem!
Além disso, deixamos de dar de comer em comedouro. A sua dose de alimentação diária é distribuída ao longo dos passeios sempre que ele mantém contacto ocular connosco mostrando que está atento em nós.
Pronto, isto é a resolução de problemas importantes para que o nosso convívio seja de salutar. Ou seja, entrando na sua mente, ele estava a ter reforço para pular e para correr atrás de canídeos! Tudo ao contrário!
Além disso alguns "truques" lhe foram ensinados. Isto porque todos os treinadores têm este hábito de ensinar truques. E é giro ver o nosso Tobias a fazer de urso, a andar para trás, e outras coisas mais. Mas colocou-se-me a questão; será que não estaremos a exagerar?
Uma coisa é aprender a comunicar com ele e indicar-lhe bons hábitos de convivência com humanos, outra será fazer dele exemplar de circo. Ou serei eu que estarei a exagerar e eles necessitam deste estímulo mental, segundo dizem os treinadores? Será que não andamos a exagerar, e até contra mim falo, coisas que fazem dos nossos animais de estimação mais robôs e menos cães?
Seja como for, as minhas tentativas serão sempre para lhe ensinar coisas úteis. Como apanhar objectos do chão, levar compras, fechar portas... Assim mantém o tal estímulo mental e faz algo com utilidade! Que acham?
Para já é cumprir o "protocolo de treino" estabelecido à risca.